Viração a Meia Tarde

Viração a Meia Tarde

                                                                                           Milonga

Fundão de grota lidava com arame

Ajeitando a rampa desbarrancada

Sentando moerão e atilhando tramas

Deixando as linhas estiradas

Uma trovoada rompe o silêncio

A meia tarde pelas invernadas

O céu ao tranco foi escurecendo

E encardindo por nuvens pesadas

Juntei os pertence compus as “garra”

E virei à boca da égua pras “casa”

Entre o chasqueirão e um “galopezito”

O “ponchito” balançando que nem asas

A gadaria pressente a viração

Se movimentando para canhada

Um lote de garças mudou o rumo

Numa cena de campo alubunada

O poeirão se reboleia num pelado

No firmamento uma garoa cerrada

O arvoredo se envergou pelo vento

E a várzea ficou toda encharcada

João Luis de Almeida