canção de embalar

dorme tanto meu menino,

noutro dia, noutra hora, amanhã se tiveres sorte, o vento já não te sopra

vais ver que as nuvens se foram e o sol, tímido, olha para o teu sorriso forte

já que dormes vê da Rita, como estão as framboesas e quantas já te guardou

leva-lhe uma mão de beijos, dois da mãe, dois da mana, ficas com o que sobrou

dorme tanto meu menino,

dorme bem zézito dorme, a chuva só intimida quem não tem como secar

como quem vive na rua, dormem por baixo de casas mas não os deixam entrar

ouve bem meu pequenito, muita coisa neste mundo não fará grande sentido

espero que não te habitues e que satisfeito fiques só quando o outro for livre,

ouve bem meu pequenito, dorme tanto meu menino, só quando o outro for livre.

dorme tanto meu menino,

olha que os gatos anseiam todo o carinho e o tempo com que teimas em mimá-los

olha bem como descansam, como tudo neles é simples, até o passar da idade

não tenhas medo do dia, eu vou acordar contigo e vamos dar um passeio

ver a nova primavera, como os rebentos dão flores o amor dá o receio

(o amor, o amor, ai amor, meu amor)

ergue o corpo meu menino,

já nasceste quatro vezes, quando a mãe quase morreu, sempre que não te

mataste

e quando te libertaste dos grilhões que te agarravam ao querer quem te prendeu

deixa o peso apoderar-se, é que o sono há-de levar-te onde a pressa não tem ar

quando acordares cá vou estar, preciso que tu descanses para eu poder

descansar

dorme tanto meu menino

dorme tanto josézito

dorme quanto for preciso