Entre tantos deuses, o panteão do samba reserva um lugar especial para Alcione. Multi-instrumentista, compositora e, acima de tudo, intérprete com a rara habilidade de transitar entre potência e cadência, a cantora conhecida nacionalmente como Marrom transforma toda canção em hino e ajuda a escrever a história da música popular brasileira.
• Alcione nasceu em São Luís, Maranhão, em 21 de novembro de 1947 - a quarta de oito filhos. As primeiras lições musicais vieram com o pai, mestre na banda da Polícia Militar da cidade. Ela tinha apenas 12 anos quando se apresentou pela primeira vez, junto à orquestra dele.
• Antes de engrenar na carreira musical, ela deu aulas de português, mas foi demitida por ensinar seus alunos a tocar trompete, seu instrumento favorito.
• Ao mudar para o Rio de Janeiro no fim da década de 1960, fez seu nome cantando na noite carioca até vencer um programa de calouros na TV Tupi e lançar o primeiro single, “Figa de Guiné”, em 1972.
• O álbum de estreia, A Voz do Samba (1975), já trazia dois dos sucessos que embalariam décadas de carreira de Alcione: “Não Deixe o Samba Morrer” e “O Surdo”.
• O primeiro disco de ouro veio com Pra Que Chorar (1977), terceiro LP de Alcione, que inclui “Pandeiro É Meu Nome”. Quem entregou o prêmio para Alcione foi Maria Bethânia, e assim duas das maiores cantoras brasileiras começaram uma amizade duradoura.
• Todos cantam sua terra e ela também: o amor pela cultura maranhense entremeia sua obra. Alcione gravou diversas toadas, como “Maranhão, Meu Tesouro, Meu Torrão”, “Mimoso”, “Se Não Existisse o Sol” e “Boi de Lágrimas”.
• Alcione não deixaria o samba morrer e fundou, em 1987, a escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, para formar novos sambistas. Ela é presidente de honra do grupo até hoje.
• Ao longo de 50 anos, a Marrom gravou três EPs e 41 álbuns, sendo que 26 deles se tornaram discos de ouro, sete de platina e dois de platina dupla. Ela dividiu os palcos e os estúdios com os maiores músicos brasileiros, entre eles Roberto Carlos, Cartola, Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Baden Powell, Vinicius de Moraes e Maria Bethânia.
• Dona de mais de 350 condecorações e prêmios, dois pontos altos vieram em 2003, com o GRAMMY Latino na categoria Melhor Álbum de Samba com o disco Ao Vivo e com o reconhecimento da Academia Brasileira de Letras como Melhor Cantora Popular.
• Em 2020, Alcione lançou novo projeto, Tijolo por Tijolo, com músicas inéditas pela primeira vez em 6 anos.