Dar sequência ao legado do Nirvana, uma das principais bandas de rock do início dos anos 90, parecia uma missão impossível. Não para Dave Grohl: algum tempo após a morte de Kurt Cobain, o então baterista aposentou (pelo menos temporariamente) as baquetas e passou a encabeçar o Foo Fighters, nome que faz alusão a um termo usado para designar OVNIs durante a Segunda Guerra Mundial.
Lançado em 1995, o álbum homônimo traz Grohl em todas as frentes: gravado e inteiramente tocado por ele, o álbum escancara reminiscências do estilo estabelecido pelo Nirvana, numa autêntica mistura de riffs sujos do grunge da época com refrões e melodias dignas do universo pop, em faixas como “This Is a Call” e “Big Me” – uma estreia e tanto.
Em 1997, The Colour and the Shape apresenta o Foo Fighters como banda, agora com o guitarrista Pat Smear e o baixista Nate Mendel, e participação do baterista Taylor Hawkins. Repleto de hits, como “Monkey Wrench”, “My Hero” e “Everlong”, o álbum dá um passo importante no processo de conversão da banda em fenômeno universal – capaz de encher estádios pelo mundo afora após mais de 20 anos de carreira – ao mesmo tempo em que faz uma espécie de ponte imaginária entre o rock clássico das décadas de 70, 80 e 90 com uma versão mais contemporânea do gênero. Tudo isso foi amplificado pelo carisma de seus integrantes, pela energia dos videoclipes e pelo vigor das apresentações ao vivo, que seguem encantando gerações e conquistando novos fãs.
Os hits entregues ao longo dos anos mantiveram a consistência e a longevidade do Foo Fighters: porradas como “All My Life” e “Breakout”, baladas como “Best of You”, e músicas fáceis de cantar junto, como “Learn To Fly” e “Times Like These”.
Ainda com fôlego de sobra, em 2021, o Foo Fighters inovou mais uma vez ao flertar com a disco music: primeiro no lançamento do aguardado Medicine At Midnight, que traz o ritmo discretamente misturado a outros gêneros. E mais tarde de forma escancarada: o álbum Dee Gees / Hail Satin é um impensável tributo ao icônico trio Bee Gees em um punhado de versões, como “You Should Be Dancing”, “Night Fever” e a bela “More Than A Woman” – tudo devidamente acompanhado dos convincentes falsetes de Grohl, camisas de seda, calças boca-de-sino e até mesmo dos exagerados penteados dos anos 70. Prova de que o Foo Fighters ainda consegue reverenciar o ouro do passado sempre com um olhar no futuro.