Cantora e atriz, descendente de alemães, irlandeses e filipinos, Olivia Rodrigo tinha 17 anos recém-completados quando escreveu no diário o trecho que seria transformado no verso de abertura de um dos maiores hits de 2021: “Consegui minha carteira de motorista na semana passada”. Sim, a melancólica narrativa de “drivers license” é dolorosamente real, como a artista conta ao Apple Music: “Lá estava eu, dirigindo pelo meu bairro, ouvindo músicas muito tristes, chorando de verdade. Quando cheguei em casa, pensei: ‘Acho que deveria escrever uma música sobre isso: chorar dirigindo um carro’.”
A artista nascida na Califórnia é um fenômeno único. Para alguns, Rodrigo caiu de paraquedas no topo do pop, amparada por esta balada. Para outros, ela é conhecida desde 2016, quando apareceu como uma das atrizes/cantoras da Disney (o currículo inclui as séries Bizaardvark e High School Musical: A Série: O Musical, cuja trilha sonora tem músicas assinadas por ela).
Com o elogiado álbum de estreia SOUR (2021), a cantora encapsula a doçura melódica de Taylor Swift e de Kacey Musgraves (“enough for you” e “hope ur ok”), e a energia explosiva de Hayley Williams e de Alanis Morissette (na abertura com “brutal” ou no refrão de “good 4 you”). Mas o que difere o início da carreira de Rodrigo do de outras ex-atrizes/cantoras da casa do Mickey – grupo que inclui Britney Spears, Demi Lovato e Miley Cyrus –, vai além da liberdade de cantar alguns palavrões nas músicas: é a possibilidade de se comunicar com gerações além da sua. Jovem, ela retrata a perda de um amor de forma tão visceral e redondamente pop, que acaba se conectando com quem cresceu com o emocore dos anos 2000, com o pop punk dos anos 90 e até com a turma que se encantou com o pós-punk da década de 80. O que eles têm em comum com Olivia Rodrigo? Muitos já choraram um coração partido enquanto dirigiam por alguma noite solitária demais.