Abel Selaocoe: a força da humanidade
Playlist - 22 Songs
O violoncelista e cantor Abel Selaocoe resume o tema de sua playlist para o Apple Music Classical com um antigo e conciso termo bantu africano: “Ubuntu – eu sou porque você é!”. “Eu escolhi o título A força da humanidade porque a humanidade é universal, não importa a nação. Ela está presente no canto coletivo, na dança, na comédia e no amor. As faixas escolhidas revelam a inspiração de artistas que transformam a tradição e a sabedoria ancestral e conferem uma nova perspectiva à vida contemporânea”, diz o artista sul-africano. As faixas apresentam uma rica e variada sonoridade e expressam claramente a alma dos compositores e dos intérpretes, seja a música meditativa e sedutora da viola da gamba de Paolo Pandolfo interpretando Marin Marais ou o vigor do violoncelista Yo-Yo Ma e seu conjunto tocando Piazzolla. Selaocoe também destaca o Quarteto de Cordas de Ravel, que considera “o epítome do diálogo poético entre instrumentos”. “A linha simples e ascendente do violoncelo cria uma linda relação com a melodia do violino. O Quatuor Ébène é um grupo especial de músicos franceses que se formaram com esse estilo de interpretação e composição”, afirma Selaocoe. Esta playlist também apresenta obras que inspiraram a música de Selaocoe, como a sonata do compositor norte-americano John Cage para piano preparado, com diversos itens fixados nas cordas do instrumento para modificar o som. Em “Dinaka”, faixa do álbum Hymns of Bantu (2025), de Selaocoe, você ouve, em meio à percussão metálica, o som borbulhante do piano preparado, interpretado por Fred Thomas. Selaocoe chama essa faixa de “um sonho ancestral, um encontro com conhecidos em outro mundo”. Ele lembra que “Dinaka” foi gravada de improviso em um só take. “Eu toquei violoncelo e gravei a voz, incluindo canto gutural”, enquanto os colegas tocavam percussão africana, com Thomas no piano preparado. Também integra a playlist Bobby McFerrin, cujo canto serviu de exemplo para Selaocoe. “A improvisação celebra o milagre da voz. Bobby McFerrin cria a impressão de que existe mais de uma voz e combina estilos de canto e groove.” Outra cantora incluída é a vocalista de jazz franco-americana Cécile McLorin Salvant. Selaocoe descreve sua “Mélusine” como “o mais bonito e honesto testemunho de solidão que já ouvi em muito tempo – ouça a conexão entre letra e harmonia”. Selaocoe também destaca um aspecto da obra de Salvant que se relaciona com a sua: “A voz e o modo de cantar de Cécile combinam bem com o estilo barroco, o que permite ao ouvinte apreciar espaços sonoros antigos sem abrir mão da perspectiva atual.” Essa característica também está presente na bela interpretação de Selaocoe da suavemente hipnótica “Igiul”, de Giovanni Sollima, que abre a playlist. Sollima também encerra a playlist com “When We Were Trees”, interpretada pelo próprio compositor, que parte de uma sólida linha de baixo no estilo barroco e se transforma em algo extraordinariamente frenético.
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