Como o próprio Mannie Fresh atesta, não há momento mais propício do que o Mês da História Negra para o DJ e produtor de Nova Orleans conversar com Ebro Darden como convidado do programa The Message, do Apple Music. “Para mim, a música negra se confunde com a vida familiar”, diz ele. “Como meu pai era DJ, crescemos no movimento que viu a música negra se tornar consciente e isso gerou um sentimento de orgulho nas pessoas. Era um modo de vida em nossa casa, porque meu pai adorava músicas que nos tornavam pessoas melhores, traziam uma mensagem.” Especificamente no Mês da História Negra de 2025, a atenção dos EUA recai sobre Nova Orleans, cidade que recebeu o Super Bowl LIX em fevereiro. Uma bela coincidência para Fresh, que viu aumentar a demanda pelos seus shows e pela sua presença, além de fazer o DJ revisitar a música da sua infância, a mesma que continua a influenciar o que ele faz e quem ele é. “Uma das músicas que me apresentaram ao hip-hop foi ‘Good Times’, do Chic”, conta. “Meu pai costumava tocá-la. Mas tinha também ‘Rapper’s Delight’, do grupo The Sugarhill Gang, apesar de não ser da minha época. Quando ouvi ‘Sucker M.C.’s’ e ‘It’s Like That’, do Run-DMC, pensei: ‘É isso que preciso fazer’.” E assim ele fez. Mannie Fresh deu o pontapé inicial na carreira de MCs como Lil Wayne, Juvenile e Brian “Baby” Williams, alguns dos nomes que deixaram suas marcas como membros da Cash Money Records, onde ele trabalhava como produtor principal. Impulsionadas pelo som do DJ, as músicas da gravadora eram onipresentes nos clubes de hip-hop do país entre o fim dos anos 90 e meados da década de 2000 – e foram, em grande parte, responsáveis pela consolidação da sonoridade do hip-hop de Nova Orleans como um todo. Na playlist A mensagem de Mannie Fresh, o produtor oferece clássicos eternos da Cash Money Records e resgata algumas pérolas de artistas que vão de Fleetwood Mac e Al Green a Rush e UGK. O estilo de discotecar de Fresh e sua forma de fazer música vêm da fonte mais pura possível, em que a única coisa que importa é sentir a alma do som que sai dos alto-falantes. “Meu estilo de música é minha vizinhança”, explica. “[Porque] testei muito no meu bairro, fazendo festas no quintal e percebendo: ‘Ok, essa é a receita. Essa ficou perfeita’. Adoro quando as pessoas dançam e se divertem. E quando uma batida surge e coloca um sorriso nos seus rostos.”