NO DIA QUE EU BATIZEI

No dia que eu batizei

Luiz Antonio Simas e Rafael Haddock-Lobo

No dia que eu batizei, Pai Joaquim mandou chamar

os ventos de Eparrei, as ondas de Odoiá

E quando eu mal cheguei, Caboclinha mandou pisar

Nas folhas que eu catei Nas matas do juremá

Foi quando eu vi o rei, Lindo com seu cocar

Pena Verde salvei, no pé do seu congá

Sete flechas, sete lanças, Sete encruzas, sete espadas

Boiadeiro vem com a dança, chamando a marujada

Preto Velho mandingueiro vem de Minas, vem de Angola

foi chamar o Marinheiro que chegou com sua viola

Eu ouvia gargalhada e assobio

Um alto brado me chamando de seu fio

Nem sabia nem se estava acordado

No dia que eu batizei, meu ponto tava riscado

No dia que eu batizei, Padilha mandou buscar

Os lírios de Ora iê iê e as pororocas de Obá

Os arcos de Oxumarê e as íris de mãe Euá,

Ó mãe Nanã Buruquê, traz os panos de Epa Babá

Na tronqueira deitei, vi o toco queimar

Seu Tranca saravei, com marafo ao luar

Pedacinhos de Mulambo, de Farrapos e Cruzeiros

Cadeados de madeira, peneiras de Garimpeiros

Salve o sino da igrejinha, feitiço da Juremeira

Salve a lua, salve a estrela, e eu deitado em minha esteira

Ciganinha, com seu canto eu chorei

Me levanta, ao meu lado, Ogum de Lei

Nessa hora eu dormi, ou acordei,

Meu ponto tava riscado, no dia que eu batizei

Meu ponto tava riscado, no dia que eu batizei

Meu ponto tava riscado, no dia que eu batizei