A Vaia

Morrer bem antes de chegar ao topo

A vida em função dos outros

Trabalhar e não ver retorno

Me adequar sem gerar transtorno

Me fez crer na vitória por mérito

Se eu não venço fico nesse inferno

Quer me culpar por eu não ter tempo

Sem opções então eu tento

Quer me culpar por eu dar errado

Não coloquei as barreiras que esbarro

Foram anos dessa propaganda

Eu nunca soube dessa demanda

Liberdade de dentro pra fora

Liberdade em todas as horas

Esse é um caminho sem volta

Sem volta

Finalmente eu descobri o que há de errado

Finalmente eu vi os erros do passado

Finalmente, finalmente, finalmente

Finalmente eu descobri o que há de errado

Finalmente eu vi que era explorado

Finalmente, finalmente, finalmente

Se somos nós contra eles, por que só nós que morremos?

Brigamos, nós!

Lutamos, nós!

Morremos, nós!

E vencem, vós?

Se somos nós trabalhando

Então que enriqueçamos

Se somos nós que geramos renda

Então que a gente ascenda

Esse mundo hipotético soberbo em tantas hipérboles

Mostrou a face caricata do capital financeiro

Ainda há aristocracia

Dos filhos dos cafeeiros

Ainda há o excesso

Do lucro desses banqueiros

E todos sentem reflexos desse tal capitalismo

Então a vida que segue com amarelado sorriso

Os novos guias sugerem mandar todos pro abismo

Alguns de pronto atentem ao chamado do canibalismo

Então fronte a esse mal meu corpo eu exorciso

Minha consciência está leve, que eu leve ao final juízo

No inferno a pele queima igual queima o níquel

O que você escolhe? A fortuna ou o paraíso?

Finalmente eu descobri o que há de errado

Finalmente eu vi os erros do passado

Finalmente, finalmente, finalmente

Finalmente eu descobri o que há de errado

Finalmente eu vi que era explorado

Finalmente, finalmente, finalmente