Gratulino

Criado num rancho por uma índia benzedeira

Soube por outros que minha mãe foi parteira

Meu pai não conheci, perdeu-se tropeando

Uruguai a dentro por diante rumbeando

Nas madrugadas aprendi a prosear com Deus

Amargueando silêncios a procura dos meus

Tristeza bruta guardada no porão da mente

Com aparições e uns “pensar” “insistente”

Sou peão de campo crioulo da fronteira

Desde piazito no oficio da lida estancieira

Juntando rebanho de ovelha e gado

Lidando com eguada xucra e uns “aporreado”

Pouco compreendo o tal do alfabeto

Meu colégio, a vida, que apontou o certo

Chuleava o patrão, o capataz e a peonada

Me fizeram costado e alguma quarteada

Parido neste tempo “véio” de campo e céu

Dizem que sempre vivi “am sim” solto ao léu

No más, prossigo a minha sina de teatino

Conhecido por ter um nome só, Gratulino