Litoral e interior

Das Gerais desde menino me tornei seu narrador

Sou por força de destino violeiro e cantador

Mas um cabra nordestino me inquirindo versejou

Em que chão mais me ilumino, litoral ou interior?

Foi de braço com a viola de angelim que pai plantou

Que eu corri o mundo afora sempre atendi quem desafiou

Nesse dia de céu escuro num murmúrio se especulou

De onde vem o canto mais puro, do litoral ou do interior?

Pro calor do desafio todo mundo se chegou

Indo ver o digladio que o vozerio anunciou

Veio avô, pai, mãe e filha, teve gente ate que apostou

De onde vem maior maravilha, do litoral ou do interior?

Se é nas serras de Diamantina que a retina vê mais fulgor

É pra areia de Amaralina que o sol destina seu resplendor

Me responda quem tem doutrina se algum sábio já vislumbrou

Mais beleza na água marina que na vereda do interior

Se mais brilha o jequitinhonha que Salvador

Belo é ver mestre de saveiro domando a vela e a arrebentação

Mas tão belo quanto o vaqueiro o aboio, a sela, escora e bridão

Sendo assim ninguém nesse mundo vai dizer sem vacilação

Mais encanto sertão profundo

Ou que o mar é tudo e vence a questão

Sendo assim sertão vire mar pra virar sertão

Pra ser outro mar

Sendo outro sertão