Relatos de um Enquadro

Eu só vi a ponta da barca no beco escuro

Vindo apagada na minha reta

Quatro boinas armadas de sobretudo

Chegaram me enquadrando na favela

Mão na cabeça perdeu, se reagir, vou atirar

Com a 762 engatilhado na minha cara

Sem reação eu falei na frente dos bornais de cara fechada

Não devo, não temo só tinha uma baga que virou fumaça

Cheio de ódio eles perguntou assim pra mim

Ai menor, já foi pra delegacia?

Eu respondi, senhor, já fui preso sim

157, formação de quadrilha

Como você foi preso e tirou quantos dias?

Desde quando tá na rua? fez mó cara de coisa, mas não intimida

Eu respondi, senhor foi assalto, a joalheria, grudamos o gerente

Pegamos o que tinha na hora de ir embora

Chegaram os polícia, já tava cercado

Não tinha saída, renderam toda minha quadrilha

Fui preso na tamoios depois transferido pro braizão

Fiquei um ano internado só faz cinco meses que eu tô no mundão

Perguntou onde que eu tava querendo arrumar uma contradição

Louco pra tentando atrasar e me colocar atrás do camburão

Mas nós não deixa falha já conheço essa raça desde mó tempão

Já vi vários parceiros privados por estar na hora errada e parar na prisão

É o seguinte se hoje trombar na calada vai ser sem perdão

Segue firme sentido a sua casa se sabe afinal

Não é filme, apenas a realidade não passa na televisão

Aqui desse lado quem vê fala nada então pega a visão