Natal Pasárgada

Te conheço desde o dia que eu não nasci

Desde quando meu irmão de mesmo nome morreu

Carrego na sua ausência uma promessa

Que é o que resta a quem deseja só morrer e partir

Mas no meu sonho existe uma cidade

Pra todo o justo que trabalha e que cultiva

Um povo livre que eu nunca vou abandonar

Nada aqui é maldição, e sim derrota

A gente segue lutando

Perdendo a luta

Eu senti falta do que eu não pude sonhar

A gente brilha até demais, a gente é gênio até demais

Por quanto tempo vamos ter de pensar

Mais uma mãe não atendida numa cama de hospital

Mas no meu sonho existe uma cidade

Pra todo o justo que trabalha e que cultiva

Um povo livre que eu nunca vou abandonar

Nada aqui é maldição, e sim derrota

A gente segue lutando

Perdendo a luta

Qual o caminho pra Pasárgada?

Vamos migrando nossos sonhos, nossos talentos

Enquanto os incompetentes que veraneiam

Desde menino continuam a dividir entre si cargos e propinas

Privatizando nossos sonhos e vendendo nossa história.

A gente brilha até demais, a gente é gênio até demais, a gente é foda até demais, mas continuamos perdendo. Não contra os forasteiros, não. Mas contra a nação do veraneio. A elite do atraso e da submediocridade!

A luta de classe é mais urgente que o bairrismo. Enquanto a gente perde tempo, se enterra gente e se enterra sonhos! E o dinheiro dos ônibus compra todos vocês, paga a bomba que explode em nossas cabeças!

Eu te amo, eu estou aqui, saí para voltar e entender que melhor lugar não há, mas há algo de podre, com sobrenome famoso, CNPJ e mandato, eu te amo mas odeio a cidade que está acima da cidade! Um sonho não morreu. O sonho da cidade de Natal. Minha Pasárgada.