Guitarra: Minha Terra e Minha Gente

Esta guitarra que trago, feitio de nobre madeira,

tem origem nesta terra, pois cresceu de sua seiva,

tem história deste chão, tem herança bem campeira,

as milongas que ressoas correm dentro de minhas veias...

Velho pinho que carrego – que um dia foi pinheiro

altaneiro encordado, com alambres desta terra,

que imita o som dos campos e o bailado dos ventos

andejando por toda Pampa e nos campos desta Serra.

“Essa guitarra sou eu... É minha terra e minha gente!

É minha cruz em meus braços, pinheiro de braços abertos...

Veio da terra essa madeira. É vento a espalhar sementes,

gerando ânsias de ser vertente, pra quem canta, ouve e sente...”

Cada nota que tu tocas, em cada milonga que voa,

com as asas de gralhas, sobrevoando a serra toda...

Guitarras têm asas de aves e raiz dos pinheirais.

Asas pra voar e raízes pra honrar... Terra e cantos ancestrais.

A terra tem sons e canta na madeira da encordada,

nas bordonas de metal, externada o que a alma diz.

Sons da alma da minha gente, do bojo do violão,

sonidos do cerne da madeira, timbres de chão e raiz...

(guitarra)

“– Sou feito de pinho,

sou velho pinheiro

que, por grandioso,

sempre busco o céu...

– Sou madeira nobre

que veio da terra...

Madeira da Serra

onde tenho raiz.

A seiva antiga do chão

está em mim eternamente

E em cada milonga que toco

Regalo sons puros à alma da minha gente...”