Lyrics

Louco, dizem que ele era louco Por acreditar demais no outro Parava pra ouvir a história de todos Dividia tudo mesmo tendo tão pouco Quando sobrava um troco Comprava flores e distribuía elas pelos cemitérios Parecia rezar, mas pra quem ele rezava era um mistério Louco, fazia o bem e não batia bem, nem um pouco Falava com quem, hein? Acreditava que a riqueza não estava no bolso Quem passava ria: Esse mano aí chapou o coco Tinha a mania de falar de um mundo que não existia Que só ele via E seu defeito era achar que o mundo tinha jeito Tola utopia Um belo dia, ao sair da floricultura Um homem questionou sua loucura Pra quê gastar dinheiro com flores que vão morrer Com pessoas que você nem conhece Do outro lado da sepultura? E ele retrucou Não vê que seu dinheiro é como essa flor? Um pedaço de uma árvore morta Que você ainda crê que tem valor As flores são pra lembrar que a gente é passageiro As flores são o nosso presente derradeiro Pra nos mostrar que mesmo depois da morte A vida ainda deixa seu cheiro E embaixo do caixão As flores te acompanham, o dinheiro não E se eu deixo flores não é só pra louvar os que se foram Mas pra alertar os que ficarão Irmão, louco, louco A cidade se juntou e resolveu atear fogo Em todas as flores que ele botou e logo O acusaram de demagogo, o lincharam no soco E no chão do cemitério, agonizando e quase morto Ao invés de pétalas Atiraram pedras no seu corpo E por toda parte se ouvia esse rogo Louco, só mais um louco Mentiroso, sonhador Seja o que for (só) Ele é só mais um louco, louco E depois que ele sumiu A cidade perdeu suas cores Não haviam flores, só o cheiro da podridão Flores são pra dizer que amamos alguém Se o amor se for, a flor também E o amor é flor em extinção Nos jardins da ambição O que brota é só nota de cem Os loucos já não mais se veem Pois em terra de são os loucos são os que mais veem Quando lembro desse louco Penso que o poeta é um louco também Querendo fazer brotar mais alguma flor No coração morto de alguém E isso é tudo que um louco tem Hoje quando passo pelo cemitério Vejo os mortos querendo dizer Será que só quando vocês morrerem vão perceber Que aquele louco falava sério? Talvez esse foi um sonho que nunca aconteceu Talvez seja delírio meu Talvez dê lírio, talvez dê rosas, talvez dê risos No fim da história quem será que enlouqueceu? E quem há de dizer que esse sonho morreu? Às vezes penso que as flores são a esperança E que eu tenho um pouco desse louco Mas quem matou ele também fui... Louco, só mais um louco Mentiroso, sonhador Seja o que for Ele é só mais um louco, louco
Writer(s): Fabio Reboucas De Azeredo, Stefan Wey Berti Brito Lyrics powered by www.musixmatch.com
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