Lyrics

Depois alguém disse que o cabelo também é remédio Misturado com as unhas faz o pénis ficar um prédio Muitos ficaram carecas p'ra crescer esse negócio Até comprava-se réguas p'ra oferecer a cada sócio A seguir descobriram a utilidade do suor Então alguém suava p'ra o outro ganhar melhor Vendia-se em colherinhas esse líquido com sal Misturado com saliva cuspida e cheirava mal Saliva, já ninguém cuspia de borla Cada litro produzido, valia um Dólar Esse era chamado o negócio da liquidez A saliva de cada dia era paga ao fim do mês Dizem que ninguém sabia ao certo o que era certo Mas o negócio rendia quando a fome chegava perto Tudo se vendia a centímetro ou a metro Naquele ano cada vida era um objecto Tu tens a chance de ser a minoria E conseguir mostrar que o amanhã... Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós Para provar que a esperança não morre Das raças misturadas surgiam novas raças Então a fome batia a porta de novas casas Essa fome era maldita e chegava de repente E foi aí que descobriram que se podia vender gente Às vezes por inteiro, outras vezes em bocados Muitas vezes por dinheiro, outras vezes por um cargo Novo de chefia numa empresa da capital E assim decepava-se outra cabeça nacional As autoridades perderam autoridade sobre esse crime Deixou de ser crime, virou fraqueza do regime Uns dormiam gradeados com medo de perder um braço O mercado especulativo pagava bem por um pedaço E p'ra matar a fome há quem matava uma pessoa Quantos perderam a vida p'ra os outros ganharem vida boa?!... Naquele ano já nem se pensava em matar animais As pessoas pesavam-se em Dólares ou Meticais E digo mais... surgiram os canibais Com a fome daquele ano, filhos comeram pais Quando a barriga rói, há sempre um atalho Toda gente já sabia o que se vendia no talho Sem trabalho, sem perspectiva de vida No ano da fome, nenhum beco tinha saída Mata-se por comida, e todos eram comida Todos mentiam, mas a verdade era sabida Tu tens a chance de ser a minoria E conseguir mostrar que o amanhã... Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós Para provar que a esperança não morre Havia fome, mas era necessário haver lei É que no meio dos escravos há sempre quem quer ser rei Foi aí que se decidiu que não podiam morrer todos Todos eram valiosos mas valiam mais os outros Então foi decretado, só se matava os diferentes Estrangeiros, aleijados, mendigos e indigentes Raças misturadas com cores irreverentes Os compradores analisavam os olhos e os dentes A febre era total, coitados dos albinos Eles foram perseguidos e vendidos como caprinos Muitos clamaram a Deus pelos seus destinos Com medo que a fome viesse buscar os seus filhos Pandemônio Cada Homem era um demônio Ninguém podia confiar no seu próprio neurônio Quanto mais no do vizinho Houve quem viveu sozinho Houve quem morreu com todos Embriagado pelo vinho Mas depois daquele ano tudo ficou mais estranho Todos ficaram diferentes na cor e no tamanho A mistura era completa, todos podiam ser mortos E foi aí que todos temeram apontar os outros Tu tens a chance de ser a minoria E conseguir mostrar que o amanhã... Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós Para provar que a esperança não morre
Writer(s): Carlos Henrique Benigno, Azagaia Lyrics powered by www.musixmatch.com
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