Ana Vulcão

Numa cidadezinha pobre do interior

Negra era aquela situação

Em meio a tanta fome

Um coral puberdo ecoava

Queremos bis, queremos bis, queremos bis

Foi quando Aninha descobriu

Junto a sua menarca

Que quando a saia levantara ao pegar coco no chão

Teria na palma da mão aqueles pivetes atrás de ti

Lhe pedindo bis, pedindo bis, pedindo bis

E assim por um bom tempo a tal situação

Se repetiu até que ela no coração

Resolveu dar para família algo melhor

Já na cidade grande em meio a população

Ela se destacara a noite Ana Vulcão

O seu público ensandecido por favor clamavam please

Queremos bis, queremos bis, queremos bis

Naquele quarteirão do prédio onde ela ganhava o pão

Tinham traficantes, muito cafetão

Frequentemente um rabecão

Enquanto dentro do salão

Lhe pediam bis, pediam bis, pediam bis

Já viu muita coisa quando ia fumar

Lá fora encostada à porta do salão

Até crentes, cristo iam lá pregar

Mas, por educação Ana lhes dava atenção

Afinal é nobre tal dedicação

Diziam só por Jesus Cristo para conseguir sair dali

E ela bis, já ouço bis, querem meu bis

Seu José e a dona Maria

Com saudades no coração

Foram visitar a doutora Ana Brandão

O endereço correspondia mas, não o coral que repetia

Queremos bis, Aninha bis, queremos bis!

E os três reféns da mágoa e da decepção

Feito num faroeste duelaram então

Como foi triste ver se destruírem assim

Tudo fez pela família mas, essa submissão

Pelo ocorrido já não há mais razão

Viver já não faz sentido

Ana cometera suicídio

Já não há bis, é luto please, hoje não tem bis

♪

E a vida segue e a rapaziada ainda pede

Para outras Aninhas, Sôninhas, Marias, Sicranas, Beltranas

O tal do bis, o tal do bis