No princípio um caminho torto
Morto por não ter o que fazer
Cada bola dividida
Um tostão, uma ferida
Cada sonho só a derreter
Peso na mochila do colégio
Frango na pelada do quintal
Horizonte, o chão do prédio
Letargia sem remédio
Infeliz de quem acha normal
E o caminho é toda a criação
Faz de cada um seu próprio par
Cedo ou tarde quem se apega
Desencanta, descarrega
Toda vida que juntou pra dar
E nas escaladas do ofício
Mais ossos do que satisfação
Fantasiam precipícios
Alegria entregue aos vícios
E ao medo vazio do sermão
E o caminho leva quem ficou
Quer de cada um o próprio altar
Tem nas mãos toda beleza
E essa que vem da tristeza
Faz quem mais tem medo se jogar
Nesse desenlace, a partida
Sem qualquer motivo, sem saber
Com o perdão da covardia
Céu não é pra quem vigia
Uma vida vai acontecer
Com o perdão da covardia
Céu não é pra quem vigia
Uma vida vai acontecer
