Não Te Anseia

Não adianta, companheiro

Atorar teu parilheiro

Sem ter a carreira atada

Por bolado, por dinheiro

Não adianta armar o laço

Sem ver o que tem primeiro

Às vezes com uma benzedura

Já segura algum terneiro

Não requer nascer sabendo

Para se tornar campeiro

Mas ter sensibilidade

Para calcular o tempo

Não te anseia que a gente morre

E o serviço fica aqui nessa peleia

De juntar o gado com o tempo armado

Pra tormenta feia

Se não der agora, o tempo melhora

E a gente faz depois

Não te anseia que a gente morre

E o serviço fica aqui nessa peleia

E não justifica tanta correria

Pela vida inteira

Só na calmaria que se pode olhar

Para o que vem depois

Não te apura, companheiro

Só pra tu chegar primeiro

Destavando o teu cavalo

Na saída do potreiro

Leva a vida despacito

Sem esparramar rodeio

Mas se a coisa vem por cima

Sigo firme sem enleio

Nesse toque de campanha

O campo é quem bota o freio

Enfrenando o dia a dia

De quem vive nos arreio

Não te anseia que a gente morre

E o serviço fica aqui nessa peleia

De juntar o gado com o tempo armado

Pra tormenta feia

Se não der agora, o tempo melhora

E a gente faz depois

Não te anseia que a gente morre

E o serviço fica aqui nessa peleia

E não justifica tanta correria

Pela vida inteira

Só na calmaria que se pode olhar

Para o que vem depois

Para o que vem depois

Despacito vou

Despacito vou