歌词

Mudar o mundo é impossível é o que a maioria diz Engole a dor engole o ódio e tenta ser feliz Muitas vezes já pensei sinceramente em desistir Nessas idas e vindas da minha vida Certo dia numa esquina Fui separar uma briga dois moleques de rua Roupa velha toda suja, naquela calçada imunda Retrato do descaso produto da miséria O clima se acalmou e nos trocamos uma idéia No final perguntaram quem eu era Sou aliado G do grupo face da morte Graças a Deus tenho família mano, eu tive outra sorte Aí o moleque cantou um trecho do Tático Cinza E perguntou pra mim, cê já fez show lá em Brasília? Eu respondi que sim, ele todo sorridente Então quando voltá lá leva um recado ao presidente Pra não deixar mais a polícia vir aqui bater na gente E, mandar comida pro sertão que o povo tá passando fome Aqui a gente se vira roubando bolsa de madame então Vi os olhos dele brilhar Mesmo sem ter um lugar pro coitado se abrigar Do frio e da chuva apesar De sua coberta ser a Lua ele é o futuro da nação É a esperança deitada numa cama de papelão Que divide a calçada com os vira-latas Que atravessa as madrugadas geladas e tem amor no coração E ainda pensa na fome dos irmãos do sertão Infelizmente essa é a sua rotina Dessa maneira leva a vida até a próxima chacina Ele é apenas mais um que o imperialismo extermina É por essa e outras que eu não posso parar Preciso continuar minha luta contra isso Já sei qual o caminho, já conheço o inimigo Tô ligado sangue bom Também sou cheio de defeitos Mas não posso me cansar Porque eu não tenho esse direito Eu não posso me cansar Porque eu não tenho esse direito Eu acho que realmente o presidente Pensa que o povo passa fome só de sacanagem Só pra derrubar sua popularidade Realmente ele é um covarde Quando Cabral chegou, gritou, Terra a vista Puta que pariu, hoje é a prazo que ele vende o Brasil Às vezes eu paro e começo a pensar Refletir sobre essa guerra e analisar os fatores Geradores da miséria Não tem como não esbarrar na questão agrária Uma senhora certa vez me perguntou se eu era A favor dos sem Terras Mas é claro que sou, com muito orgulho Ela me disse, eu também não sou contra Mas pra que tanto barulho, bagunça? Eu acho que eles agem errado, é Quem tem dinheiro não conhece o desespero Que existe por aí tipo lá no Piauí Do Oiapoque ao Chuí, é fácil para julgar Quero ver a senhora ficar três dias sem comer Sua barriga vai roncar aí vai ser outro barulho Que vai te incomodar Você morre de fome ou vai roubar? De repente se pá vai tirar sua bunda gorda do sofá Vai correr junto com caras para também se manifestar Me desculpe sangue bom eu preciso desabafar Minha tristeza minhas dores Eu consigo extravasar através das lágrimas Até mesmo num sorriso É, o que eu carrego comigo são as dores dos outros Disposição até o osso não me falta pra lutar Não sou exagerado por pensar desse jeito Sou um doido sonhador que busca um mundo perfeito Tô ligado sangue bom Também sou cheio de defeitos Más, eu não posso me cansar Porque eu não tenho esse direito Será que alguém pode me esclarecer O que se faz com um bilhão Que um milhão não possa fazer? Só pode ser, essa ganância elitista Somos o maior país da América latina Mas fazemos tudo errado Somos o maior e temos o menor salário América do norte quando libertou os escravos Ainda deixou 40 alqueires e uma mula aos humilhados Más por aqui como sempre a ganância vem primeiro Rapidinho, rapidinho aprovaram a lei vergueiro Para fuder como os poceiros Garantindo a terra título e não pela ocupação Aí libertaram os escravos e jogaram na miséria Criando assim, nossos primeiros sem Terras O que um dia foi quilombo hoje em dia é favela Estabelecida sobre a Terra Mais abaixo da miséria infelizmente É o que sobrou pra nossa gente Pra mim a favela é um acampamento permanente Que ainda não se organizou politicamente, francamente É um absurdo ver o povo vivendo a beira de tudo E não ter acesso a nada Vivendo em meio às cruzes, à beira da estrada Movimentada por onde passa quem tem a onde ir Não sei como mesmo assim encontram forças pra sorrir São brasileiros tanto quanto eu e você Só querem Terra pra plantar o que comer São puxadores de inchada Que infelizmente não tem pátria seu moço Se Deus não tiver dó, amanhã não tem almoço É impossível ver isso tudo e me fingir de cego e surdo Sozinho é impossível então vamos todos juntos Se cada um de nos fizer sua parte A gente muda esse mundo Tô ligado sangue bom Também sou cheio de defeitos Mas não posso me cansar Eu não tenho esse direito
Writer(s): Erlei Roberto De Melo Lyrics powered by www.musixmatch.com
instagramSharePathic_arrow_out