Campo do Fundos

CAMPO DOS FUNDOS

Campo dos fundos, silêncio...

Distância e berro de touro;

Horizonte em cor de mato

E um céu griz de pelo mouro.

Onde o vento traz saudades

Dessas de olhares gelados;

No aceno de um fio de crina

Preso na dor do alambrado.

Na paciência da milonga

No assoviu madrugador;

Depois do amargo na boca

De um peão recorredor.

Que cruza o campo da frente

Revisa o campo do meio;

E ganha o campo dos fundos

Onde descansa o rodeio.

Os potros da primavera

A eguada que relincha;

E algum tourito abichado

Depois revisa o alambrado

Beirando a costa do rio;

Munta a cavalo e a milonga

Volta a florear o assovio.

Rédea solta, trote manso

Mais um olhar no rodeio;

Cuida a eguada, olha os potros

Apeia e abre a porteira

Campo do meio e divisa;

E o Baio desvia as tramas

Por entender que precisa.

E o campeiro troca a voz

Da mionga do assovio;

E escuta no rádio antigo

A “marca” que nunca ouviu.

Que fala de um tempo velho

Desses que ficou pra traz;

E conta da recorrida

Mateando com o capataz.

Fala do touro abichado

Do arame da divisa;

Dos potros da primavera

Da eguada e vacas de cria.

Campo do meio e da frente

Das distâncias do seu mundo;

Do tempo, as luas, as horas

E a paz do campo dos fundos.